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História

O Reino de Funan: foi uma unidade política proto-khmer localizada no delta do Rio Mekong, que ao se unir com o Reino de Chenla deu origem ao Império Khmer.

O Reino de Funan surigu por volta do ano 100 d.C. no delta do rio Mekong na região do atual Vietnã, Funan havia estabelecido um forte sistema de mercantilismo e os monopólios comerciais, que se tornaria um padrão para os impérios na região. Por volta de 200 a.C., Funan estabeleceu vários estados vassalos no sul da Birmânia, na região do rio Yangon e na penísula Malásia.

Por volta de 500 d.C., surgiu o Reino de Chenla nas margens no rio Mekong, dentro de um século Funan enfranquecido foi dominado por Chenla, os dois estados haviam se unido e dado origem ao Império Khmer.

Funan foi uma sociedade complexa e sofisticada, com uma elevada densidade populacional, tecnologia avançada, e um complexo sistema social dominando a área do Camboja por causa da capacidade do povo Khmer para produzir alimentos em planícies férteis do Camboja.

A cultura funanese era uma mistura de crenças nativas e ideias indianas. Funan foi fortemente influenciado pela cultura indiana. Os antigos chineses descreviam os funaneses como um povo que habitava em palafitas e cultivavam arroz. O relatório de Kang Tai e Zhu Ying era nada lisonjeiro para a civilização funanese, embora registros do tribunal chinês mostram que um grupo de músicos funaneses visitou a China em 263 d.C. O imperador chinês havia ficado tão impressionado que ordenou a criação de um instituto de música funanese próximo a Nanjing. 

O Império Khmer: floresceu entre os séculos IX e XV na região onde actualmente está situado Camboja, ocupando regiões que fazem parte da Tailândia, de Laos e do sul do Vietname. Essa cultura amalgamou-se com elementos locais fortemente influenciados pelas civilizações Indu e Chinesa, trazida por conquistadores e comerciantes que lá se estabeleceram.O império só se veio a desenvolver depois da regulação da agricultura pela monarquia local que, a partir de Suryavarman II, culminou por libertar um grande contingente de pessoas bem alimentadas, que foram canalizadas para as guerras de conquista e para a construção do templo maior na então capital, Angkor Wat. Mas a precedente organização da agricultura já é notável em si mesma por ter exigido consideráveis esforços para vencer o regime climático de chuvas e o relevo plano coberto pela selva equatorial que só possibilitava uma safra anual de arroz semeada quando chegavam as chuvas das monções.

 

O engenho da inovação consistia basicamente em garantir o abastecimento de água para além das monções através de grandes represas para possibilitar o plantio de duas safras anuais: a primeira antecipada a partir de mudas previamente plantadas em viveiros e a segunda plantada no mesmo campo e pouco antes da primeira colheita. Com isto, os Khmer puderam duplicar a produção agrícola e pecuária, motor primário do seu desenvolvimento urbano, e com este, o da arquitectura e artes.

 

Digna de nota foi a solução para construir grandes reservatórios de água naquele relevo quase plano em meio à selva: Fizeram-no simplesmente construindo barragens de pequena altura mas cercando uma extensa área na qual a selva continuava intacta. Assim cada reservatório destes armazenava uma grande quantidade de água durante as chuvas das monções que irrigava os campos agrícolas adjacentes logo abaixo.Assim se desenvolveu a civilização surgida na região do Delta do rio Mekong, com uma economia baseada na pesca e na agricultura do arroz.

Além de outros aspectos culturais, os Khmer foram fortemente influenciados pela religião Hindu a ponto de adoptarem todo o panteão de deuses e respectivos rituais. Até mesmo o nome dos soberanos era talhado em sânscrito e invariavelmente terminavam com o sufixo varmam que significa protegido de . (v.g. Surya Varman = Progedido pelo Sol).Mais adiante o budismo foi adoptado, com implicações nas construções cerimoniais que eram continuamente conservadas e reformadas.

 

O Protetorado Francês do Camboja: foi um regime político no Camboja a partir de 1863, quando a França (na época do Segundo Império Francês), estabeleceu sua “proteção” ao Reino Cambojano, anteriormente um Estado vassalo de Sião (Tailândia). Em 1863, o Camboja sob o rei Norodom tornou-se um protetorado da França. Em outubro de 1887, os franceses anunciaram a formação da Union Indochinoise (União da Indochina), que na época era composta por Camboja, possessão francesa já autónoma, e as três regiões do Vietnã (Tonquim, Annam e Cochinchina). Em 1893, o Laos foi anexado depois que os franceses ameaçaram o Rei Chulalongkorn de Sião com guerra, forçando-o a abandonar o território.

Integrou em 1887 a Indochina francesa durante a criação desta última, o Camboja, em 1946, atingiu o estatuto de Estado associado da União Francesa.

 

Em novembro de 1949, o protetorado foi oficialmente abolido, mas o Camboja continuou em grande parte sob a influência francesa no seio da Federação da Indochina, até a proclamação da independência, em 1953, reafirmada o ano seguinte pelos Acordos de Genebra.

 

A França acreditava que também poderia influenciar nas ações e iniciativas do rei Norodom Sihanouk. Todavia, em 9 de novembro de 1953, sob seu reinado, o Camboja declarou a independência da França.28 Foi após a Segunda Guerra Mundial que o forte sentimento nacionalista, liderado pelo recém surgido Partido Popular Revolucionário do Kampuchea (KPRP/PPRK), sob os auspícios do Vietname, levou a França a conceder a independência cambojana. Quando a Indochina Francesa concedeu a independência, o Camboja perdeu oficialmente o Delta do Mekong, que passou para a soberania vietnamita. Na prática, a área já vinha sendo controlada pelo Vietname desde 1698, quando o rei Chey Chettha II permitiu que o país vizinho construísse assentamentos na área, que cada vez mais se tornava densamente populosa. Ainda sob o reinado de Sihanouk, o país tornou-se uma monarquia constitucional.

A República Khmer: foi uma etapa na história do Camboja que se refere a queda do governo chefiado pelo príncipe Norodom Sihanouk como primeiro-ministro do Reino do Camboja pelo general Lon Nol, que se apresentou como chefe de Estado da nova política que chamou de República Khmer. Este novo Estado se alinhou por parte dos Estados Unidos e do Vietnam do Sul contra o Vietnã do Norte e o Viet Cong, cedeu seu território para bases dos EUA para essa finalidade e entrou em confronto com os guerrilheiros do Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot. O declínio de poder dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã enfraqueceu o governo de Lon Nol, que caiu em 17 de abril de 1975 com a vitória do Khmer Vermelho, que fundou o Kampuchea Democrático. O golpe de Estado de Lon Nol ao príncipe Norodom Sihanouk é a principal causa do ingresso do Camboja diretamente na Guerra do Vietnã. Durante este período, os Estados Unidos com a autorização do presidente Richard Nixon se adiantou um programa de bombardeio intenso do nordeste do país,

que causou muitas baixas de civis e não fez outra coisa senão reforçar os guerrilheiros do Khmer Vermelho. Lon Nol foi evacuado pelos norte-americanos no início de abril de 1975 e morreu no Havaí em 1985.

 

Kampuchea Democrático: também referido como Kampuchea Democrática (khmer:, transl. Kampuchea Dân chủ) foi um Estado que existiu no Sudeste Asiático, onde hoje se localiza o Camboja, entre os anos de 1975 e 1979. Foi fundado pelas forças do Khmer Vermelho, quando as mesmas derrubaram o regime da República Khmer, regido pelo general Lon Nol. Os comunistas se referiam ao governo anterior como Angkar Loeu ("organização superior"), e os membros da liderança do Partido Comunista do Kampuchea (PCK) referíam-se a si mesmos como Angkar Pavedat, durante esse período.

Pol Pot era o líder do Khmer Vermelho; em 1979 o território do Camboja (então conhecido pelo nome de Kampuchea Democrático) foi invadido por tropas do exército da República Socialista do Vietnã, e foi instalada a República Popular do Kampuchea (ou Camboja), como estado substituto ao Kampuchea Democrático.

O governo dirigido por Heng Samrin tornou-se aliado do governo vietnamita e da URSS, similar àquele instalado em Laos em Dezembro de 1975. As forças do Khmer Vermelho - que haviam promovido um banho de sangue quando dominavam todo o país - se reagruparam na região da fronteira com a Tailândia, mantendo as mesmas estruturas políticas aplicadas no Kampuchea Democrático nas regiões que ainda controlavam. Sua sobrevivência deveu-se ao apoio da China e à ajuda financeira e militar (fornecimento de armas) dos EUA, razão pela qual a maioria dos países do Ocidente continuaram a reconhecê-lo como o governo legítimo do Camboja. Em Junho de 1982 o Governo de Coalizão do Kampuchea Democrático foi formado.

Em 1970, o general Lon Nol e a Assembléia Nacional depuseram o rei Norodom Sihanouk, então chefe de estado. Sihanouk, opondo-se ao novo governo, formou uma aliança com o Khmer Vermelho contra o governo recém-estabelecido pelo general Lon Nol. Ao mesmo tempo, aconteciam bombardeios ilegais na região leste do Camboja, onde algumas tropas do Viet Cong (Frente Nacional para a Libertação do Vietname) se escondiam. Os bombardeios foram autorizados pelo presidente Richard Nixon e coordenados pelo seu conselheiro pessoal, Henry Kissinger. Tais bombardeios eram ilegais, pois os Estados Unidos não haviam declarado guerra oficialmente ao Camboja. Mais de 539,129 toneladas de bombas foram jogadas sobre o Camboja, mais que o triplo do total de bombas jogadas sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial. Apesar dos bombardeios, o Khmer Vermelho, que contava com amplo apoio popular no campo, conseguiu tomar a capital Phnom Penh em 17 de Abril de 1975. O rei Norodom Sihanouk permaneceu como uma figura poderosa no governo até 1976.

Após a queda de Phnom Penh, o Khmer Vermelho imediatamente evacuou a capital. As estradas nas adjacências da cidade estavam lotadas de homens, mulheres e crianças oriundos da capital e de outras cidades, evacuadas à força pelo Khmer Vermelho. Phnom Penh – cuja população era de aproximada mente 3 milhões de pessoas, incluindo refugiados dos bombardeios – foi totalmente esvaziada praticamente do dia para a noite. Evacuações como essa ocorreram também em Battambang, Kampong Cham, Siem Reap, Kampong Thom e outras regiões.O Khmer Vermelho justificou as evacuações alegando que não era possível transportar comida suficiente para alimentar uma população urbana de mais de dois milhões de pessoas, desta forma, as pessoas, então teriam que ser levadas até a comida. O Khmer Vermelho estava determinado a transformar o país em uma nação agrária na qual a corrupção e o "parasitismo" da vida urbana fossem completamente erradicados.O Khmer Vermelho afirmava que seu objetivo era construir uma sociedade mais igualitária. Entretanto, algumas pessoas eram "mais iguais" do que outras. Membros do partido comunista, líderes de facções camponesas locais que de alguma maneira cooperaram com o Partido, membros das Forças Armadas do Khmer Vermelho e oficiais da Angkar tinham um padrão de vida mais elevado que o resto da população.Dado à rigidez de sua ideologia revolucionária, é um tanto surpreendente o fato de que os membros do mais alto escalão do Khmer Vermelho mostrassem uma inclinação para o nepotismo que superava até mesmo a elite da era monárquica. Laços familiares eram importantes, tanto por motivos culturais quanto pela desconfiança em relação aos desconhecidos, especialmente comunistas pró-Vietnã. A ganância era, também, uma das razões do nepotismo. Diferentes ministérios, como por exemplo, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Indústria e Exportação eram controlados e explorados pelas poderosas famílias de membros do Khmer Rouge. A administração das corporações diplomáticas era uma atividade especialmente lucrativa no governo pseudo-socialista feudalista do Khmer Vermelho.

Imediatamente após sua vitória no mês de abril, houve incidentes desagradáveis entre o Khmer Vermelho e o governo do Vietnã em maio de 1975. No mês seguinte, Pol Pot e Ieng Sary visitaram Hanói e propuseram um tratado de aliança entre as duas nações. O tratado teve uma recepção fria por parte dos líderes vietnamitas.Frente a uma crescente tensão com membros do Khmer Vermelho e a antipatia vietnamita pelas políticas radicais do governo do Kampuchea Democrático, a liderança vietnamita decidiu por apoiar os movimentos de resistência contra o Khmer Vermelho, o que resultou no surgimento de muitos focos de resistência na área da fronteira leste. A paranóia de guerra alcançou níveis dramáticos. Em Maio de 1978, ouviu-se anunciar na Rádio Phnom Penh que se cada soldado cambojano matasse pelo menos 30 vietnamitas, apenas 2 milhões de soldados seriam necessários para exterminar toda a população vietnamita, que na época era de 50 milhões de pessoas. Aparentemente a liderança do Khmer Vermelho, em Phnom Penh tinha grandes ambições territoriais, o que incluía a retomada da região do Delta do Rio Mekong, que eles consideravam um território khmer.

Massacres de vietnamitas étnicos por tropas do Khmer Vermelho se intensificaram na área da fronteira leste após o levante de Maio. Em Novembro, Vorn Vet liderou um golpe de estado frustrado contra Pol Pot. Haviam, então dezenas de milhares de cambojanos e vietnamitas exilados em território vietnamita. Em 3 de dezembro de 1978 a Rádio Hanói anunciou a formação da Frente Unida Nacionalista Cambojana para Salvação Nacional (FUNCSN ou KNUFNS, como é conhecida internacionalmente). A FUNCSN era um grupo heterogêneo formado por exilados cambojanos comunistas e não-comunistas e partilhavam da antipatia ao regime de Pol Pot e uma quase total dependência do apoio vietnamita. A FUNCSN defendia a legitimidade de uma futura invasão vietnamita no Kampuchea Democrático e pelo estabelecimento, por conseguinte, de um regime satélite no Camboja.No meio tempo, com o passar do ano de 1978, o ritmo do genocídio e das incursões violentas na área leste ultrapassaram todos os limites e o governo de Hanói sentiu que era chegada a hora de agir e, em 22 de dezembro de 1978 o exército vietnamita lançou sua ofensiva com o objetivo de derrubar o governo de Pol Pot e por um fim ao genocídio no Kampuchea Democrático. Uma força de ataque composta de 120.000 tropas, consistindo de unidades de infantaria combinados a cavalaria blindada com forte apoio da artilharia marchou em direção ao oeste vinda das regiões camponesas das províncias no Sudeste cambojano. Após 17 dias de ofensiva, Phnom Penh foi capturada em 7 de janeiro de 1979. A nova administração recebeu amplo apoio político e militar do Vietnã, bem como da URSS. Durante a década de 1980, as principais preocupações do regime vigente eram a reconstrução do país, restauração da economia local e o combate à resistência do Khmer Rouge tantos por meios políticos quanto militares.


 

 

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